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Taekwondo brasileiro supera nariz quebrado e deficiência visual por medalha em Lima

O Brasil teve uma campanha histórica no taekwondo nos Jogos Pan-Americanos de Lima. O país esteve no pódio em sete das oito categorias. Foram dois ouros com Milena Titoneli (-80kg) e Edival Marques, o Edinho, (-68kg), duas pratas com Ícaro Martins (-80 Kg) e Talisca Reis (-49kg) e três medalhas de bronze com Maicon Andrade (+80 Kg), Raiany Fidelis (+67Kg) e Paulo Ricardo (-58kg).

E algumas dessas medalhas têm um gosto ainda mais especial. Ao derrotar a norte-americana Paige McPherson na decisão, Milena Titoneli se tornou a primeira mulher do Brasil a conquistar um título da modalidade na competição.

Bronze no Mundial em maio, a atleta de 20 anos precisou se superar para conseguir obter resultados expressivos. Ao longo da carreira, ela quebrou o nariz cinco vezes, mas nunca desistiu.

“Eu nem sei por onde começar, mas começo agradecendo à Deus por me dar condições de fazer o que eu amo, por me mostrar que tudo é capaz, basta confiar nos planos dele e trabalhar. Sou a primeira atleta mulher de taekwondo a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, isso me deixa muito feliz, e mais feliz ainda em saber que é a primeira de muitas que virão, não tenho dúvidas”, comemorou.

A história de Ícaro Miguel Martins é ainda mais inspiradora. Aos seis anos, ele chegou a perder totalmente a visão do olho direito após a sua mãe se confundir e pingar amônia em vez de água boricada na região irritada por causa do cloro da piscina. O atleta fez um tratamento de quatro meses e conseguiu recuperar 90% da visão.

Porém, ao longo da carreira Ícaro começou a ter uma piora e até rejeitou um transplante de córnea pelo sonho de seguir no taekwondo. Atualmente, ele diz que deve ter apenas 10% da capacidade de visão do olho, o que fez com que fosse recusado pela Marinha. O vice-campeão mundial costuma tampar o olho bom nos treinamentos para aumentar o poder de reação da outra vista.

Em Lima, ficou com a medalha de prata. “A jornada não foi fácil, mas foi muito gratificante! Agradeço primeiramente a Deus e a minha família por estarem comigo em toda a história que estamos construindo. Volto ao Brasil levando mais uma conquista! Dessa vez, somos prata! . ‘Mire a lua, se errar, ficará entre as estrelas’- Les Brown”, escreveu em sua conta no Instagram.

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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