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Ryan Lochte: a reconstrução

Multicampeão olímpico, o nadador Ryan Lochte saiu do topo do pódio e mergulhou fundo no poço do desprezo mundial após a polêmica do falso assalto durante a Olimpíada do Rio-2016. Ainda no ano passado, o americano chegou a participar do reality Dance With the Stars, e todos se perguntavam se este seria o fim melancólico de umas das carreiras mais bem-sucedidas do esporte. Se não fosse contemporâneo de Michael Phelps, Lochte provavelmente seria considerado o maior nome da natação nos últimos anos. Isso dá uma boa ideia de seu tamanho como atleta.

A queda, no entanto, foi grande. Lochte foi suspenso por dez meses pelo Comitê Olímpico Americano e pela Federação Americana de Natação, perdeu todos os seus patrocinadores pessoais em questão de dias, sem falar em sua credibilidade. Em entrevista recente, ele revelou que chegou a pensar em cometer suicídio durante aquele período. “As pessoas queriam uma razão para me odiar. Depois do Rio, provavelmente eu era a pessoa mais odiada do mundo. Houve momentos em que chorei e pensei: ‘se eu for para a cama e não acordar nunca mais, tudo bem’”, disse ele à revista da ESPN americana, confirmando que chegou a considerar a possibilidade de tirar a própria vida quando perguntado se era isso o que estava querendo dizer.

Dias depois, ele negou que pensou em se matar. “A imprensa distorceu o que eu falei. Para ser claro, sim, eu estava em um momento muito sombrio depois do Rio, mas nunca pensei em suicídio”, declarou Lochte ao TMZ Sports. “Eu sou um lutador, sempre fui e sempre serei um”, acrescentou.

Se pensou ou não em cometer suicídio, essa é uma questão que, apesar de delicada, parece ter ficado no passado. Ao que tudo indica, a vida voltou a sorrir para o nadador de 32 anos, e ele parece querer retribuir a gentileza, curtindo um novo papel: o de pai. No início do mês, sua noiva, Kayla Rae Reid, deu à luz Caiden Zane Lochte. “Encontrei um novo propósito com o meu filho. O fogo foi aceso novamente, e está maior do que nunca, e eu estou muito animado, porque sei o que vai acontecer em Tóquio. Todos vão ter de prestar atenção”, afirmou Ryan, citando a cidade-sede dos Jogos de 2020.

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Lochte sempre foi um personagem que se diferenciava dos outros nadadores com seus tênis chamativos, cabelos coloridos ou aparelhos de dentes brilhantes, com os quais ele insistia em deixar sua marca também fora das piscinas. Mas sempre entregou o mais importante, os resultados dentro d’água. Ele é dono de seis medalhas de ouro em Olimpíadas, 12 no geral, o que o coloca em segundo entre os nadadores mais premiados, atrás apenas de Phelps e na frente do mito Mark Spitz. O americano está treinando forte, no próximo dia 30 chega ao fim a suspensão de dez meses e ele poderá dar continuidade ao seu processo de reconstrução. Resta saber se ele será capaz de se classificar para Tóquio e o que poderá fazer em 2020, quando já terá 35 anos. Mas convém não duvidar de um atleta com um currículo desses e vontade de dar a volta por cima.

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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