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Dono de 14 medalhas paralímpicas, Andre Brasil é proibido de competir

Foram 14 anos dedicados à natação, três Jogos Paralímpicos, cinco Campeonatos Mundiais, três Jogos ParaPan-Americanos, quatro vezes recordista mundial e 67 medalhas no total. Mesmo com esse currículo vitorioso, Andre Brasil foi considerado inelegível para o esporte. O atleta passou por reclassificação na quarta-feira, 24, e não poderá mais competir.

Segundo os avaliadores, o nadador não está apto para integrar o sistema paralímpico, mesmo já tendo passado por outras três classificações ao longo de sua carreira e representado o Brasil nesses anos. A decisão impediu que Andre participasse do Open Internacional, que acontece em São Paulo até sábado, e de qualquer outra competição do esporte adaptado, daqui para frente.

“O que me deixa triste é ver que foram 14 anos jogados fora, como se passassem uma borracha em cima da minha história. Não somos tratados como seres humanos, e sim números de pontos na classificação”, falou Andre, indignado.

“O sistema é falho. Não é justo quatro pessoas definirem a vida de um atleta. Parece que o que foi feito anteriormente não valeu de nada, o esporte paralímpico perde muito a sua credibilidade por isso”, disse Felipe Domingues, técnico de Andre.

Vítima de poliomielite aos 3 meses de vida, o nadador ficou com uma diferença de cinco centímetros de uma perna para a outra como sequela. Além disso, ele não apresenta sensibilidade, força e equilíbrio na perna esquerda, tendo passado por sete cirurgias durante a infância, mas que não foram capazes de corrigir a lesão. Desde 2005 no esporte adaptado, o atleta participou de 300 competições defendendo o País.

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Por causa das avaliações atuais, os laudos médicos que comprovam a lesão e a falta de mobilidade na perna esquerda de Andre não foram suficientes para garantir a permanência do atleta no esporte. Depois de operar o ombro esquerdo em 2018, Andre estava se preparando para voltar às competições, o Open Internacional seria uma das oportunidades para ele tentar o índice para os Jogos ParaPan-Americano e o Campeonato Mundial. Pela primeira vez, desde que começou sua carreira, o nadador não representará o Brasil em uma dessas competições. Perde Andre, perde o Brasil, perde o esporte…

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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