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Diego Hypolito diz que não programou se assumir: “Para mim, todo mundo já sabia”

Diego Hypolito passou por um verdadeiro furacão há pouco mais de um mês. No dia 8 de maio, o medalhista olímpico foi protagonista da série Minha História, do UOL Esporte, e assumiu ser gay. A repercussão em cima da entrevista foi gigantesca.

Em encontro com o Olimpitacos nesta semana durante o lançamento da plataforma Sigo Esporte, o ginasta contou que a revelação não foi algo programado. “O repórter me perguntou sobre a questão da sexualidade e eu falei. Na minha mente, todo mundo já sabia, não era uma coisa que pensava em falar ou não. Não tinha isso na minha cabeça. Se qualquer pessoa me perguntasse sobre a minha sexualidade, nunca tive problemas para falar de muitos anos para cá. Desde então tem sido uma loucura, eu nem imaginava que as pessoas iam abraçar tanto uma causa que é o que eu sou, não é algo diferente disso”, afirmou.

O atleta disse que revelação não afetou o acordo com patrocinadores, o que foi um temor por muitos anos. “Financeiramente não mudou absolutamente nada, mas minhas ideias começaram a bater com o que eu sempre pensei na minha vida. Tudo o que eu alcancei foi fazendo o correto, me dedicando, treinando duro, que é o que acho que deve ser feito. A partir disso, como existem pessoas que passam por esses problemas, eu me torno um exemplo para que a sociedade mude um pouco a cultura, para que a gente respeite mais as pessoas”, argumentou.

E ser exemplo e ajudar outras pessoas é o objeto de Hypolito: “Temos que focar no benefício para o esporte. O Diego tem que pegar a imagem dele e tentar ajudar de alguma maneira para que a gente mude a cultura esportiva financeira. Temos uma cultura ainda muito precária, muito pós resultado, [precisamos] passar a incentivar os atleta. Não quero que os atletas passem por aquilo que eu passei: medo de preconceito, medo de rótulos. Quero que ele tenha o seu dinheiro independentemente do que a pessoa acha ou deixa de achar, ninguém tem direito de julgar, e sim tem que respeitar o outro como ele é”.

Pensando nisso, o medalhista olímpico é um dos embaixadores do Sigo Esporte, plataforma de financiamento para atletas. No entanto, ele não tem tido vida fácil para conseguir trazer outros nomes para a iniciativa. “A dificuldade que estou tendo para unir atletas para causas nobres é difícil, as pessoas têm preconceito com tudo. A gente não pode deixar que o esporte acabe e o esporte acaba se ele não tiver incentivo. A gente tem que arrumar uma maneira que o esporte seja independente”, explicou.

Após a conquista da prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Hypolito ainda não sabe se estará presente em Tóquio. No momento, ele tenta se recuperar de um edema ósseo no pé.

“Como tem o Diego, tem outros excelentes atletas no Brasil. O Diego vai competir nas Olimpíadas? Se competir, eu vou dar o melhor que eu puder, para ser um medalhista novamente. Se eu não competir, vou torcer para que os atletas que forem façam o melhor”, afirmou.

“A gente tem que parar de ter rótulo porque eu fui medalhista em uma Olimpíada tem que ser na outra. O meu objetivo é que a minha história passe para que outros atletas se inspirem e não desistam no meio do caminho, que é o que acontece aqui. Todo mundo desiste dos sonhos. A gente precisa incentivar as pessoas independentemente do resultado. Quero ir para Tóquio? Quero! Vou? Não sei, é algo para ser pensado, depende de muitos fatores”, finalizou.

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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