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Estrela da Paralimpíada foi soldado e perdeu as pernas em combate contra o Talibã

O australiano Curtis McGrath é favorito para acrescentar mais duas medalhas de ouro paralimpícas ao seu currículo na paracanoagem em Tóquio. O ex-soldado perdeu as duas pernas pernas em combate no Afeganistão há nove anos.

Ainda na maca, após ser atingido por explosivos no confronto contra o Talibã, afirmou: “Você me verá nas Paralimpíadas”.  A promessa foi cumprida já na edição do Rio de Janeiro.

“Foi apenas um comentário, eu acho. Na época, não significava nada, eu só estava tentando dar um pouco de esperança aos caras. Como foi o trauma deles também, eu esperava que isso pudesse lhes dar um pouco de conforto, como um “vou ficar bem, pessoal, minhas pernas sumiram, mas posso ir para os Jogos””, relembrou. 

Apesar do sucesso dentro da água, McGrath vive um misto de sentimentos com o retorno do Talibã ao poder no Afeganistão após quase uma década. “Valeu a pena perder minhas pernas? Antes da semana passada, eu não teria nenhum problema em dizer que sim. Fiquei irritado no início, e com raiva. Treinamos e equipamos 300 mil afegãos. E parece que eles simplesmente entregaram suas armas ao Talibã. Então, sim, no início, eu me perguntei se tudo isso valia a pena, depois do preço que pagamos em vidas e membros. Tenho tentado avaliar os pensamentos de meus colegas veteranos e é uma mistura de sentimentos. Alguns estão um pouco envergonhados e zangados com a situação. E eles têm todo o direito de se sentir assim”, argumentou.

O ex-soldado australiano enalteceu o papel do esporte na sua recuperação: “Me ajudou a ter uma nova abordagem da vida e nas minhas ambições. Acredito que tenha me ajudado a evitar problemas de saúde mental, porque me deu um propósito, um foco, para definir uma meta e ir atrás dela”.

McGrath perdeu a perna direita na altura do joelho e a perna esquerda logo abaixo do joelho. Na Paralimpíada do Rio de Janeiro, ele conquistou o ouro na prova de paracanoagem velocidade 200 metros nas classe KL2. “O Rio foi uma experiência incrível. Ter amigos e familiares ali comigo, ir no Cristo Redentor, sair com um ouro. Mas o mais incrível foi carregar a bandeira no final. Ter esse tipo de reconhecimento de meus esforços foi especial e me deixou muito orgulhoso”.

No Japão, ele vai tentar os títulos na canoa e no caiaque. “Tivemos sorte na Austrália, não fomos tão afetados pela covid-19 como em alguns lugares. Pudemos ter a oportunidade de entrar na água, treinar. Estou muito animado e muito grato pela oportunidade de competir em Tóquio. Como atletas, trabalhamos muito duro por cinco anos para isso. É o auge do que fazemos. A falta de competições significa que é difícil medir os concorrentes. Este esporte não é como natação ou atletismo. É um ambiente aberto e as condições têm um grande efeito nos resultados. Então, até o dia da prova, não vou conseguir me comparar com ninguém. Espero ter feito o suficiente para passar, defender minha medalha de ouro do Rio e buscar outra”, projetou. 

*Crédito da foto: Divulgação/Paralympics Australia

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