Os comentários sexistas de Yoshiro Mori, chefe do Comitê Organizador Olimpíada de Tóquio, continuam fazendo estrago na imagem do dirigente e agora afetou diretamente a organização dos Jogos. Cerca de 390 pessoas que trabalhariam durante o evento desistiram de participar como voluntários após os comentários preconceituosos de Mori.
A informação foi confirmada por Seiko Hashimoto, ex-patinadora e ministra da Olimpíada. “Precisamos nos esforçar para reconquistar a confiança e fazer com que os Jogos transmitam a mensagem de maior diversidade e harmonia”, disse Seiko durante sessão parlamentar nesta terça-feira, 9.
Na semana passada, Mori disse que reuniões com mulheres são mais demoradas porque estas falam mais e “têm dificuldade de finalizar, o que é irritante”. E ainda acrescentou: “Temos cerca de sete mulheres no comitê organizador, mas todas sabem seu lugar”. Desde então, ele vem sendo alvo de duras críticas e nem mesmo suas desculpas foram suficientes para a aplacar a ira do público.
Todos sabem como o trabalho dos voluntários é essencial para o bom andamento dos Jogos fora das quadras, piscinas e pistas, e a desistência de quase 400 pessoas pode até não afetar o quadro geral desses trabalhadores que atuarão no evento, mas é uma amostra da insatisfação dos japoneses com a Olimpíada, que segue sendo questionada, fato agravado ainda mais pelos comentários de Mori.
Funcionário do setor financeiro, Daichi Oyama, de 28 anos, desistiu de participar dos Jogos como motorista voluntário. Ele justificou sua decisão por estar “decepcionado e desconfiado” dos organizadores, e ainda disse que Mori deveria renunciar ao cargo.
“Se toda vez que ele fala alguma coisa, as coisas pioram, ele deveria renunciar. Se eles realmente querem organizar [a Olimpíada], devem ter uma pessoa que fale melhor”, afirmou Oyama à agência Reuters.
“Os voluntários não são trabalhadores de meio período. Eles querem participar, querem ajudar e, pensando apenas nisso, levantaram a mão e 80 mil pessoas estão dizendo que vão participar [como voluntários]. Não são apenas ajuda gratuita”, acrescentou Oyama.
Crédito foto: Reprodução/Instagram Tokyo2020
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