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Em Doha-2019, norte-americana quebra recorde de Bolt 10 meses após dar à luz

O Mundial de Atletismo em Doha continua rendendo medalhas, recordes e muitas curiosidades. Nesta semana, Allyson Felix fez história ao conquistar o ouro no revezamento 4x400m e quebrar um recorde de Usain Bolt. Agora, a norte-americana tem 12 ouros na competição enquanto a lenda jamaica encerrou a carreira com 11 conquistas douradas.

Essa conquista tem um gostinho ainda mais especial para Allyson Felix por ter acontecido 10 meses após dar à luz. A velocista voltou a treinar em agosto. “É diferente, é definitivamente mais desafiante. Penso que qualquer nova mãe, quando volta ao trabalho, sente-se exausta e tem de conciliar com a família. Para mim não é diferente”, declarou à revista People em julho.

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O parto de Camryn foi complicado. Como tinha um quadro de tensão arterial alta, a campeã mundial teve que passar por uma cesariana de urgência na 32º semana de gravidez, já que mãe e bebê corriam risco de vida.

As dificuldades não foram capazes de calar a voz de Allyson Felix na luta pela igualdade de gênero. As atletas não costumam receber ou sofrer redução no pagamento das patrocinadoras enquanto estão grávidas e até posteriormente.

“Durante grande parte da minha vida concentrei-me numa única coisa: ganhar medalhas. E fui boa nisso. Aos 32 anos, era uma das atletas mais condecoradas da história: vencedora da medalha olímpica de ouro por seis vezes e onze vezes consagrada campeã mundial. Mas, no ano passado, o meu foco expandiu-se: queria ser uma atleta profissional e queria ser mãe. De certa forma, este era um sonho louco. Decidi começar uma família em 2018 sabendo que a gravidez pode ser ‘o beijo da morte’ na minha área. Foi terrível para mim, porque estava negociando o meu contrato com a Nike, que tinha terminado em dezembro de 2017″, escreveu em um artigo para o New York Times em maio.

“Fui pressionada para voltar à forma o mais rapidamente possível depois do nascimento da minha filha, em novembro de 2018, apesar de ter passado por uma cesariana de emergência às 32 semanas, devido ao sério risco de a pré-eclampsia ameaçar a minha vida e da minha bebê. No entanto, as negociações não corriam bem. Apesar de todas as minhas vitórias, a Nike queria pagar-me 70% a menos que antes. Se for isso que eles pensam que eu valho agora, eu aceito. O que eu não posso aceitar é esse persistente status quo da maternidade. Pedi à Nike para garntir, contratualmente, que não seria penalizada se os meus resultados não fossem os melhores nos primeiros meses após o parto. Queria estabelecer um novo padrão. Se eu, uma das atletas da Nike mais conhecidas, não conseguisse assegurar estas proteções, quem conseguiria?”.

Essa campanha fez com que a Nike mudasse a sua política. Em maio, a empresa anunciou que não aplicaria reduções às atletas grávidas por 18 meses. No entanto, essa mudança só ocorreu quando Allyson Felix já tinha fechado com a Athleta.

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Getting Cammy use to this track life! 📸: @supermanferg

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Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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