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Ginasta isenta Nory, diz que era alvo de homofobia e que Ângelo destruiu a carreira sozinho

O ginasta Gabriel Alves, do Pinheiros, fez várias postagens em sua conta no Twitter para falar sobre as acusações envolvendo Arthur Nory e Ângelo Assumpção. O atleta afirmou que viu “muitas coisas essa semana, muitas verdades, mas também pura mentiras”. Ele disse que o campão mundial da barra fixa não pode ser responsabilizado pela carreira do ex-companheiro e relata episódios de homofobia.

Atualmente, Gabriel é companheiro de treino de Nory. No entanto, ele também já treinou e até morou com Ângelo. Os dois dividiram a república do Esporte Clube Pinheiros durante um período. “Talvez com alguém que viveu e presenciou tudo ao lado dos dois, vocês consigam abrir o olho e enxergar direitinho cada lado desse caso. Olhar todos os fatores e ver quem realmente eles são”, escreveu o ginasta.

Segundo o atleta do clube paulista, ele era alvo de bullying de Ângelo por causa da aparência e que foi chamado até de “viado”. “Entrei no clube em 2014, tinha apenas 9 anos. Quando comecei a me aproximar mais da seleção adulta do clube começaram os apelidos e as “brincadeiras” de mau gosto comigo. Todos dados pelo Ângelo. Em 2014, ainda antes do caso do racismo, Ângelo me apelidou de “Rebeca Blackout” e de “Leona” era assim que ele me chamava, nunca pelo meu verdadeiro nome (vídeos abaixo). Quando entrei no clube eu tinha o dente da frente quebrado, ainda em 2014, e o Ângelo me comparava com os garotos dos vídeos, alegando que eu era parecido com os dois. Não só na aparência, mas também no jeito de “viado” como ele dizia. Eu realmente ficava mal com os apelidos e falava que não era parecido, que não tinha semelhanças nenhuma, mas ele afirmava que era só questão de tempo pra eu me descobrir. Foi assim o ano de 2014 todinho, sempre “Rebeca” ou “Leona””, relatou.

“Eu acompanhei o Ângelo de 2014 até 2019, o dia que ele foi desligado do clube. Em todos esses anos os apelidos sempre continuaram, eram sempre os mesmos. Ele nunca mudou comigo, sempre com o mesmo ego. Um dia cheguei pra conversar com ele e pedi pra ele poder parar com esses apelidos. Ele disse que não iria parar com isso porque eu precisava passar por isso. Até hoje não ouvi um pedido de desculpas e ele nunca me procurou pra falar sobre como ele estragou o meu psicológico quando eu era apenas uma criança, pois o ego dele sempre foi maior”, continuou o desabafo.

Gabriel ainda contou que Ângelo e Nory eram muitos amigos e que os dois sempre faziam piadas racistas e homofóbicas entre eles. Em 2015, Nory apareceu em um vídeo ao lado de outros ginastas, incluindo Ângelo, fazendo comentários racistas, comparando a diferença entre as cores branca e preta. “Seu celular funciona? É branco! Se não funciona? É preto! Saquinho de supermercado? É branco! O de lixo? É preto!”, afirmaram a dupla. Na mesma publicação, eles ainda tentam se desculpar com Angelo, que claramente não gostou da ofensa.

“Ângelo e Nory eram melhores amigos, eram muito próximos, mas, infelizmente, na amizade sempre teve o lado das piadas. O Ângelo partia pro lado da “homofobia” e o Nory do “racismo”, mas isso não era levado a sério por nenhum dos DOIS. Era uma brincadeira consciente dos DOIS. Em 2015, infelizmente as piadas racistas do Nory foi ao ar, mas as homofóbicas do Ângelo não. O Nory foi punido na época. Ângelo aceitou o pedido de desculpas do Nory, tanto que até gravou um vídeo falando que não passava de uma brincadeira”, disse Gabriel.

“A amizade deles continuou por um tempo, Ângelo continuava muito amigo do Nory até porque como eu disse sempre teve essas “brincadeiras” na amizade dos dois, mas infelizmente o rumo das coisas começou a mudar. Ângelo começou a faltar com compromisso nos treinos, inventava desculpas pra faltar, saia pra baladas durante a semana e não aparecia nos treinos de manhã, era mal educado com os treinadores, e continuava com os apelidos de mal gostos comigo e com outros amigos meus”, relatou o atual companheiro de treinos de Nory.

De acordo com Gabriel, o desempenho de Ângelo caiu depois que ele não foi convocado para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, competição em que Nory foi bronze no solo. O ginasta diz que o ex-colega se afastou de todos os demais atletas, começou a não comparecer nos campeonatos em que era inscrito e bati boca com os treinadores.

“O Ângelo só quis voltar no assunto do racismo após o clube ter desligado ele e a ginástica toda saber os B.O dele. E foi aí que ele voltou nessa história porque ele sabia que clube nenhum jamais ia aceitar ele aqui no Brasil. O Nory não acabou com a carreira de ninguém, o Ângelo destruiu a dele sozinho. Até porque se ele fosse um bom atleta como dizem, outros clubes já teriam contratado ele, não acha? Mas ninguém vai querer uma atleta com um histórico desse no seu clube. Eu só espero que vocês parem de distribuir o ódio coletivo e abram o olho pra enxergar a verdadeira história. Se o Nory está nas olimpíadas é mérito dele”, concluiu.

O Olimpitacos procurou Ângelo Assumpção, mas até a publicação desta reportagem não houve reposta. O espaço continua aberto.

*Crédito da foto: Montagem/Reprodução/Instagram

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