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O dilema de Djokovic

Novak Djokovic relaxou. Isso é o que muitos têm comentado no circuito mundial do tênis sobre o número 2 do mundo. Até mesmo seu ex-técnico Boris Becker disse, no final de 2016, quando a bem-sucedida parceria de três anos foi desfeita, que o sérvio treinara menos no segundo semestre do ano passado.

Se até maio de 2016, mês do Aberto da França, Djokovic parecia imbatível em quadra – já tendo vencido o Australian Open, os Masters 1000 de Indian Wells, Miami e Madri, e ficado com o vice-campeonato em Roma, perdendo para o britânico Andy Murray –, depois que conquistou Roland Garros, único Grand Slam que faltava em seu vitorioso currículo, Nole não conseguiu manter o nível de competitividade. Isso para não citar 2015, quando seu domínio foi impressionante, com o título de três Grand Slams, seis Masters 1000 e mais o ATP Finals.

Sim, na temporada passada ele ainda levantou o troféu do Masters 1000 de Toronto, em julho, mas sofreu derrotas inesperadas, como em Wimbledon, em junho, ao cair precocemente na terceira rodada diante do norte-americano Sam Querrey, então 41º do mundo (o sérvio liderava o ranking na época), e em sua estreia na Olimpíada do Rio, em agosto, ao ser eliminado pelo argentino Juan Martín del Potro, que voltava de um longo período afastado por causa de contusão, em uma partida épica. Na ocasião, Djoko deixou a quadra aos prantos.

Se fossem de um tenista apenas acima da média, os resultados de Djokovic até o fim do ano seriam considerados excelentes, afinal, ele ainda foi vice do US Open, chegou à semifinal e quartas de final dos Masters 1000 de Xangai e Paris, respectivamente, e foi vice também no ATP Finals. Ele, no entanto, é um extraclasse, passar meses sem títulos importantes não faz parte de sua rotina, e o jejum ainda culminou na perda do número 1 do mundo para Murray, em novembro.

A queda de rendimento de Djokovic pode, sim, ser explicada por um relaxamento natural após ter conquistado o único Slam que lhe faltava. Nole também afirmou que gostaria de passar mais tempo com a mulher e o filho, nada mais justo, mas o que pode ter resultado em menos tempo em quadra, treinando. Alguns questionam ainda a chegada de Pepe Inaz, uma espécie de “guru espiritual”, à equipe de Djoko. Afirmam que Inaz, partidário de uma filosofia paz e amor, poderia ter tirado o “sangue nos olhos” do tenista.

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A verdade é que já estamos no final do terceiro mês do ano e lá se foram um Grand Slam (Austrália) e um Masters 1000 (Indian Wells), o de Miami está a todo vapor, todos torneios vencidos pelo sérvio em 2016, e até o momento Djoko não conseguiu mostrar um mínimo de regularidade tampouco repetiu seu início arrasador das duas últimas temporadas. Seu único título em 2017 foi no ATP de Doha, em janeiro, competição encarada pelos tenistas como preparatória para o Australian Open. Lendas como Roger Federer e Rafael Nadal só tiveram quedas tão drásticas de desempenho enquanto passavam pelo seu melhor momento devido a contusões ou problemas de saúde, o que não é o caso do sérvio.

Talvez nem mesmo Djokovic saiba quais são os motivos de não conseguir repetir suas grandes atuações. Para alguém tão vitorioso e competitivo quanto ele, esta é uma situação nada confortável. Quem o vê em quadra, no entanto, percebe que a técnica apurada e a vontade de vencer ainda estão lá, resta saber se serão suficientes para fazer o sérvio abrir mão de coisas que lhe são valiosas em troca de ter de volta o domínio em quadra. E aí pode estar o grande dilema de Djokovic.

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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