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Meligeni: Djokovic teria que nascer de novo para superar Federer e Nadal

Fernando Meligeni vive um momento diferente na carreira. Após sete anos como comentarista dos canais ESPN, o ex-tenista se dedica as suas clínicas e trabalha no lançamento do seu terceiro livro, Jogando Juntos, que tem como objetivo responder perguntas feitas por atletas em algum momento da carreira.

Sempre sincero, Fininho não hesitou ao pedido para analisar a rivalidade entre Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Para ele, o sérvio está atrás dos adversários e teria até que “nascer de novo” para conseguir superá-los na opinião popular.

“O lado legal do Federer é que, como ele não joga para ser número 1, pode acontecer se ele for lá e ganhar cinco torneios, mas não vejo ele olhando o ranking e para os torneios para ser o número 1, vejo ele querendo ganhar Slams e Masters 1000. Vejo olhando o número de eventos e não de ranking. Já o Djokovic tem que se preocupar porque senão ele vai ficar na sombra dos dois a vida inteira, é a única salvação do Djokovic, com todo o respeito, eu gosto dele”, analisou.

“Ele [Djokovic] é menos carismático que os dois, tem menos resultados ainda, é menos querido que os dois. A única coisa que salva para ser o maior de todos, esses caras adoram isso, é ganhando mais. Só que mais carisma que os dois ele não vai conseguir, infelizmente ou felizmente, depende de quem você gosta. Ele teria que nascer de novo.
Eu queria nascer de novo, queria nascer Guga. Faz parte da vida, você tem que aceitar o seu tamanho”, analisou.

Atualmente, Djokovic tem 15 conquistas de Grand Slam no currículo. O recordista é Roger Federer, que já foi campeão em 20 torneios deste porte. Rafael Nadal possui 17 troféus. Porém, Meligeni não descarta que o sérvio lidere a lista. “Para mim, ele [Djokovic] é abaixo. Ele pode ganhar mais Slams que o Federer, pode, aí ele entra na briga, é uma briga diferente”, analisou.

E será que Djokovic vai conseguir superar os recordes de Roger Federer? “A gente está falando de quão louco ele [Djokovic] vai ser por esses números, ele tem possibilidade. Federer está com dificuldade para ganhar Slams, o que é normal, o Nadal vem se “arrastando” com os problemas de saúde e vai continuar ganhando um ou outro Slam. Ele é o cara mais inteiro da turma, com possibilidade de jogar mais anos, mas ele vai ter que ganhar muito, vai ter a nova geração, o Zverev´s da vida, toda essa molecada daqui um ano, vai ser difícil segurar”.

Na hora de apontar quem seria o seu favorito entre o trio, Fininho garante não ter preferência: “Eu pagaria para ver os três jogar por maneiras diferentes. Um é o maestro, é uma aula de tênis, uma percepção absurda, o Federer consegue ver coisas que a gente não vê quando está jogando, eu vejo muito isso nele. O Nadal por tudo que ele faz, a vitalidade, o foco, a garra… É incrível. E o Djokovic ele me chama a atenção pela maneira de jogar, essa mistura de Federer e Nadal, mas também com uma leitura de tênis com força e vitalidade”.

Quem será que pode acabar com o reinado destre trio? Apesar das derrotas recentes, Meligeni ainda aposta no alemão Alexander Zverev. “É a pergunta do milhão. Quando você acha que um Zverev está perto de fazer isso, que está no caminho, ele fez tudo certinho, ele não ganha um jogo depois. Eu ainda acho que o Zverev é o moleque mais promissor”, opinou.

Roland Garros

Rafael Nadal é o favorito para Roland Garros. Nem os tropeços recentes do espanhol em Monte Carlo e em Barcelo são capazes de fazer Fernando Meligeni mudar de ideia. “As pessoas subestimam muito o Nadal. Estão tão acostumadas que ele tem que ganhar toda semana. Para mim, ele não mostrou um nível tão baixo como estão falando. Perdeu para o Fognini, onde ele não jogou bem aquele dia, o que é normal, e perdeu do Thiem que é um cara que pode ganhar dele, inclusive ganhou dele outras vezes”.

“Para mim, não muda em nada, continuo achando que ele vai ganhar Roland Garros. De vez em quando, o cara perde, é normal, ele é humano. Ele continua, para mim, super tranquilo. Dentro dele, ele sabe que se jogar bem, ele ganha”, completou.

“Bad Boys” no tênis

Nick Kyrgios e Fábio Fogini são personalidades polêmicas no tênis, podem até ser considerados uma espécie de “bad boys” da modalidade. “Eu adoro (risos). Acho que você tem que separar os bad boys no sentido do quanto eles estão fazendo mal ao tênis e do quanto eles são diferentes da sociedade hoje em dia, do politicamente correto. Se você tirar uma ou outra declaração torta do Kyrgios, o cara fazer careta, sacar por baixo, faz parte, cansamos de ver caras assim no esporte”, analisou Fininho.

“Falar que o Fognini faz mal para o tênis é uma vergonha. Ele é um baita de um moleque, conheço fora da quadra, ele odeia perder, muitas vezes o desleixo é a maneira dele mostrar que odeia perder”, explicou. “Ele tem que ser exemplo para os filhos? Desculpa, exemplo é o pai, não é jogador”, acrescentou.

Sampras x semifinal de Slam

O ano de 1999 é especial na carreira de Fernando Meligeni. Em 10 de maio daquela temporada o então número 58 do mundo surpreendeu Pete Sampras no saibro no Masters de Roma. “Na minha época era como ganhar do Federer hoje”, compara.

“A primeira coisa é a estratégia, você tem que acreditar, você não está lá só para fazer número, esse é o ponto importante para o atleta. O atleta entra em quadra ou para jogar ou para ganhar. Tem muita gente que acaba entrando em uma quadra de tênis para jogar. Outras vezes, quando você ganha experiência, você começa a entrar e falar: ‘Beleza, se o cara jogar o melhor tênis do mundo dele, eu não vou ganhar”, mas apenas 10, 20% das vezes os tenistas jogam o melhor tênis da vida. É difícil o cara jogar esse nível, principalmente nas primeiras rodadas. E foi exatamente como eu entrei.Para ele ganhar de mim, ele vai ter que jogar para caramba. Se ele não jogar o melhor dele, eu já tenho chances, e eu entrei na quadra e acabou dando certo”, relembrou.

A vitória fez Meligeni chegar embalado a Roland Garros, onde alcançou a semifinal, deixando pelo caminho Patrick Rafter, Felix Mantilla e Alex Corretja. A campanha, que foi interrompida pelo ucraniano Andrei Medvedev, colocou Fininho na 25ª posição do ranking da ATP.

No entanto, apesar da grandeza de ambos os fatos, Meligeni não tem dúvidas de qual escolheria caso pudesse escolher apenas um. “A semi de Roland Garros, Roland Garros é tudo. Na hora que você começa, é o teu sonho. Você chegar tão perto, eu não ganhei, mas eu cheguei entre os quatro melhores, no campeonato mais importante do mundo para mim, ganhar de caras tão pesados, era uma coisa impensável”, disse.

“Um jogo de tênis pode ser dúbio. Muita gente pode falar, mas o Sampras naquele dia tava ruim, mas um semi todo mundo estava ruim até você chegar na semi? Ganhando dos caras que ganhou? Então é um marco, é mais ou menos, como um cartão de visitas”, finalizou.

Gisèle de Oliveira

Jornalista apaixonada por esportes desde sempre, foi correspondente internacional do “Diário Lance!” na Austrália, quando cobriu os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney-2000, e editora do jornal no Rio de Janeiro, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e foi colaboradora de especiais da revista “Placar”, entre outras experiências fora do universo esportivo. Mineira de nascimento, paulistana de coração, é torcedora inabalável de Rafael Nadal, Michael Phelps, Messi e Rafaela Silva. Adora tênis, natação, judô, vôlei, hipismo e curling (sim, é verdade). Sagitariana e são-paulina teimosa, agradece por ter visto a Seleção de futebol de 82 de Telê, o São Paulo também do mestre Telê, o Barcelona de Guardiola e a Seleção de vôlei de Bernardinho em seu auge. Ah, chora em conquistas esportivas, e não apenas de brasileiros.

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